Domingo de Ramos e da Paixão

1 - Com o Domingo de Ramos e da Paixão dá-se então início à Semana Santa, e sua liturgia é a mesma para todos os anos, exceto o evangelho, que será segundo o evangelista sinótico (Ano A, Mateus; Ano B, Marcos; e Ano C, Lucas), tanto para o evangelho da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém como o da leitura da Paixão. Como João narra também a entrada triunfal, sua perícope (12,12-16) pode também ser usada de maneira facultativa no lugar do sinótico, mas, observemos, a leitura da Paixão será sempre a dos sinóticos.


2 - Como o próprio nome indica (Ramos e Paixão), a celebração deste dia funde-se em dois aspectos fundamentais, que vão estar unidos e associados em toda a Semana Santa, na referência ao Mistério Pascal, ou seja, como paixão e glória, morte e ressurreição, aspectos estes inseparáveis e que, depois, vão transparecer mais ainda na liturgia do Tríduo Pascal da Morte e Ressurreição do Senhor.

 

3 - Saibamos que o Domingo de Ramos e da Paixão se situa ainda dentro da Quaresma, na verdade é o seu sexto domingo, pois a Quaresma se prolonga até à tarde da Quinta-Feira Santa, e os dias anteriores a esta gozam também de precedência litúrgica, não podendo, pois, neles celebrar nenhuma solenidade. Assim, por exemplo, caso a Solenidade da Anunciação do Senhor, que se celebra em 25 de março, caia na Semana Santa, ela é transferida para a segunda-feira após a oitava da Páscoa.

 

4 - Uma nota importante: Na Quinta-Feira Santa, na parte da manhã, portanto ainda dentro da Quaresma, mas com a cor branca, o bispo diocesano concelebra com o seu presbitério, e com os fiéis, na Catedral ou em outro local apropriado, a Missa do Crisma, onde consagra os Santos Óleos (Crisma, Enfermos e Catecúmenos), os quais serão usados durante o ano nas celebrações dos sacramentos, como também nas ordenações e na dedicação das igrejas e dos altares. Nessa missa os presbíteros também renovam publicamente as suas promessas sacerdotais.

 

5 - Na liturgia do Domingo de Ramos, vamos ter, no início, a procissão de ramos, como comemoração da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Antes da procissão, que deve ser fora da igreja, proclama-se o evangelho dessa entrada, segundo o evangelista do ano, na sua sensibilidade própria, benzem-se os ramos e realiza-se então a procissão festiva até à igreja, onde se dará continuidade à missa a partir já da oração dia, omitindo-se os demais ritos iniciais.

 

6 - Já então na igreja, e no momento próprio do evangelho, é feita a leitura da Paixão do Senhor, segundo o evangelista do ano, leitura que é feita sem solenidade, isto é, omitindo-se a saudação ao povo, o sinal da cruz sobre o livro, o beijo, o incenso e as velas. Apenas se diz no fim: Palavra da salvação. Quando a leitura é feita por diácono, este pode pedir a bênção ao presbítero ou ao bispo. Na ausência de diácono, a leitura da Paixão pode ser feita por um leigo, reservando-se as palavras de Jesus ao presidente.

 

7 - O Senhor entra, pois, em Jerusalém, não montado em lustroso e belo corcel nem em carruagem dourada, tampouco em veículo de última geração, como é próprio dos reis deste mundo, que sempre se encantam com as exterioridades e com as superficialidades. Na simplicidade de Deus, ele entra montado num pobre jumentinho, que ele mesmo mandou os discípulos buscar, informando ao seu dono, caso pedisse explicação, que “o Senhor precisa dele”. Vejam a nobreza do jumentinho: o Senhor precisa dele! Mas, pensemos: será que o Senhor não precisa muito mais de nós? Somos menos nobres que o jumentinho, substituíveis no plano da redenção? Não, claro que não, pois o Senhor entrou em Jerusalém para morrer por nós, não pelos animais, por mais úteis e necessários que eles sejam.

 

Anotações para o Domingo de Ramos:

 

a) - Em todas as missas faz-se a memória da entrada do Senhor em Jerusalém, seja pela procissão ou entrada solene na missa principal, seja pela entrada simples nas outras missas.

b)- A procissão é uma só e deve ser feita na missa com maior concurso do povo.

c) – A entrada solene, mas não a procissão, pode ser repetida antes das missas que sejam celebradas com grande concurso do povo.

d) – A procissão e a bênção de ramos são inseparáveis; onde não houver procissão e missa, não pode haver bênção de ramos.

 

8 - Imitemos, pois, o Deus da simplicidade, levando-o para as nossas vidas, imitando-o no serviço aos irmãos, pois Ele é rei sim, mas Rei servidor. Ele precisa de nós, é verdade, não para carregá-lo como o jumentinho, mas para continuarmos a sua missão salvífica. Saibamos, e com convicção: o Senhor não nos quer para morrermos por ele, mas para com ele morrermos por nossos irmãos.

 

Textos bíblicos do Domingo de Ramos

 

Na bênção de ramos:

Evangelho: Ano A: Mt 21,1-11 - Ano B: Mc 11,1-10 - e Ano C: Lc 19,28-40

 

Na missa:

1ª leitura: Is 50,4-7

Salmo Responsorial: 22(21), 8.9.17-18a.19-20.23-24

2ª leitura: Fl 2,6-11

 

Paixão do Senhor:

 

Ano A: Mt 26,14-27,66 (ou 27,11-54)

Ano B: Mc 14,1-15,47 (ou Mc 15,1-39)

Ano C: Lc 22,14-23,56 (ou Lc 23,1-49) 

João de Araújo

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