1 - Chama-se Tempo Comum, no Ano Litúrgico e na vida da Igreja, o período celebrativo que fica entre os ciclos do Natal e da Páscoa. Esse tempo traz, na liturgia, a cor verde, como que revelando a floração das alegrias cristãs: depois do Natal, as alegrias natalinas e, depois da Páscoa, as eternas alegrias pascais. Podemos dizer que a espiritualidade do Tempo Comum floresce no chão de nossa vida, seguindo os passos de nosso Redentor.
2 - No Natal, celebramos o mistério da Encarnação, em que o Verbo de Deus se faz carne e habita entre nós, e, na Páscoa, o mistério da Redenção, com a paixão, morte, ressurreição, ascensão e glorificação do Senhor, encerrando-se com a coroação pascal de Pentecostes. Já no Tempo Comum não celebramos um aspecto específico de nossa fé, como nos dois ciclos, e sim todo o mistério cristão, na sua riqueza, com enfoques, pois, diversificados. Podemos dizer que é o tempo em que a liturgia apresenta e celebra o ministério público de Jesus, começando com o episódio do batismo de penitência no Jordão, em que é apresentado pelo Pai como o Filho muito amado, até a subida a Jerusalém, onde se oferece ao Pai em expiação de nossos pecados.
3 - Como nos tempos fortes da liturgia as memórias e festas dos santos são omitidas, ou celebradas de maneira facultativa, por causa da precedência litúrgica daqueles tempos, no Tempo Comum tais celebrações aparecem com mais brilho. Não nos esqueçamos, porém, de que as celebrações dos santos expressam antes de tudo a glória cristológica, pois neles resplandece o fulgor do mistério pascal de Cristo, razão primeira de sua santidade.
4 - O Tempo Comum é o tempo mais longo da liturgia, com 33 ou 34 semanas. Começa na segunda-feira depois da festa do Batismo do Senhor, ou na terça-feira, quando a festa do Batismo não é celebrada no domingo. Na terça-feira de carnaval, o Tempo Comum se interrompe, dando lugar ao ciclo da Páscoa, que se inicia na Quarta-Feira de Cinzas. Na segunda-feira depois de Pentecostes, temos então o reinício do Tempo Comum, que se prolonga até o fim do ano litúrgico, ou seja, até à tarde do sábado que precede o primeiro domingo do Advento. No ano, porém, em que o Tempo Comum tem apenas 33 semanas, omite-se a semana com a qual se retomaria o ciclo depois de Pentecostes. Isso se faz para que as duas últimas semanas, por seu caráter escatológico, não sejam omitidas.
5 - Para enriquecer os fiéis, numa escuta mais atenta e contínua da Palavra de Deus, a Igreja dispôs, para os domingos do Tempo Comum, a proclamação do Evangelho em três ciclos: ano A, Mateus; ano B, Marcos; e ano C, Lucas. O Evangelho de João é proclamado sobretudo no Tempo Pascal e em outras celebrações, substituindo também Marcos, no ano B, em cinco domingos, do 17º ao 21º, quando a liturgia nos propõe as riquezas do discurso do Pão da Vida, conforme narra São João no capítulo 6º de seu Evangelho. Já para os dias de semana do Tempo Comum, o Evangelho proposto pela Liturgia é: da 1ª semana à nona, Marcos; da 10ª semana à 21ª, Mateus; e da 22ª semana à 34ª; Lucas. A primeira leitura para os dias feriais do Tempo Comum são sempre as mesmas, mas classificadas em ano par e ímpar.
João de Araújo