A saudação inicial do presidente

1- Nos ritos iniciais da missa, encerrado o canto de entrada, inicia o presidente a celebração, fazendo sobre si mesmo o sinal-da-cruz, na referência à Trindade, dada a nota trinitária da Liturgia. Todos fazem também sobre si mesmos o sinal-da-cruz, e o "Amém" de todos deve ser um “sim” a essa convicção eclesial, convicção que podemos dizer de fé pura, simples e teológica. Em seguida, o sacerdote acolhe a assembleia cristã, saudando-a, por exemplo, com o texto de São Paulo, de 2Cor 13,13: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco” (ou com outra saudação prevista), a que os fiéis respondem: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”. A saudação do presidente e a resposta do povo exprimem o mistério da Igreja reunida (cf. IGMR nº 50).

2 - Notemos que a saudação do presidente nos ritos iniciais é dupla: ao altar, reverenciando nele a pessoa de Cristo, e aos fiéis, como povo santo e sacerdotal, ou seja, como assembleia sagrada. Entende-se que, a partir do momento dessas saudações, pode-se considerar então constituída a assembleia litúrgica. Por isso todos devem chegar antes, para que não tenham prejudicada a sua participação já desde o início. Constituída a assembleia, como orienta o Missal (IG nº 50 e 124), o sacerdote, o diácono ou outro ministro pode, com poucas palavras, introduzir os fiéis no sentido da missa, da festa ou do tempo litúrgico.

3 - Na resposta bendizente de todos (“Bendito seja Deus...”) à saudação do sacerdote, nota-se um ponto essencial para o entendimento da celebração: é Deus mesmo quem convoca o seu povo para a Liturgia. De fato, a assembleia celebrante é a convocada, daí o seu nome de assembléia (Ecclesia), de Igreja reunida. Dispersos pela vida, o Senhor reúne os seus, para serem um só povo, e todos vêm de todos os lados, na simbologia da humanidade que caminha, como num êxodo deste mundo, rumo à pátria definitiva.

4 - A propósito da dispersão e da reunião do povo de Deus, a Didaqué (IX,4), dando sustentação ao que aqui se afirma, vai dizer: “Da mesma maneira como este pão, quebrado, primeiro fora semeado (em forma de trigo) sobre as colinas e depois recolhido para tornar-se um, assim das extremidades da terra seja unida a ti tua igreja (assembleia) em teu reino; pois tua é a glória e o poder pelos séculos! Amém”.

5 - Como já foi dito em outro trabalho, a assembleia litúrgica cristã concretiza, de maneira sacramental, no “hoje” da história salvífica, os objetivos e anseios divinos das grandes assembleias do Antigo Testamento, como a do Sinai, com Moisés (cf. Ex 19-24), ou como a de Siquém, com Josué (cf. Js 24,1-28).

João de Araújo

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