Equipe de acolhida, ministério litúrgico

 

1 - Em nossas celebrações eucarísticas, dada a sua dimensão festiva e convivial, como também seu caráter de reunião fraterna, seria bom que houvesse um grupo de leigos(as) que, no espírito da Liturgia, acolhesse os fiéis com aquela delicadeza própria dos filhos de Deus. Tratando-se de pessoas idosas ou de deficientes físicos, seriam levados até mesmo aos seus  lugares na igreja. Cada comunidade, com seu jeito próprio de acolher, teria o cuidado de não prolongar muito a acolhida, cuidando para que seja simples e liturgicamente objetiva. É certo que a acolhida muito ajudará os fiéis na participação, na compreensão e na descoberta do espírito fraterno, que sempre deve manifestar-se na Liturgia.

2 -  claro que a equipe de acolhida deve ser constituída por pessoas comunicativas, respeitosas e alegres. Um grupo de “cara fechada” ou “de rosto sombrio” poria tudo a perder. Lembremo-nos de que, se a Igreja não acolhe com delicadeza cristã os seus membros, muito menos estará apta para acolher os de fora, manifestando a eles a bondade que Deus sempre manifesta a nós.

3 - Trata-se, pois, no ministério litúrgico, de acolher no verdadeiro sentido do Evangelho, tanto física quanto espiritualmente. O acolher e o ser acolhido não é apenas uma questão de boa educação, mas valor também antropológico, exigência profunda que se acha enraizada no ser humano. Com mais razão deve então a pastoral litúrgica cuidar para que a equipe de acolhida seja verdadeiro ministério litúrgico e se desenvolva no âmbito das celebrações como exigência da caridade fraterna e dos princípios básicos da fé cristã.



4 - O acolhimento na igreja, como casa de todos e lugar sagrado, deve ser um prolongamento daquele acolhimento que deve caracterizar as famílias cristãs. Infelizmente, no mundo moderno está soando como superado tal acolhimento, mesmo em nossas famílias, o que se pode considerar como perda para a Igreja, para o mundo e para a evangelização.

5 - Como sabemos, a hospitalidade sempre foi uma característica do povo bíblico (cf. Gn 18, 1-8, p. ex.), e se percorrermos os evangelhos, vamos notar que o próprio Jesus, em suas andanças e em sua missão, não só aceitou o acolhimento (cf. Jo 12,1-2; Lc 7,36; 10,38; 11,37; 14,1), como até se auto-convidou, por exemplo, para estar na casa de Zaqueu (cf. Lc 19,5). Também no episódio de Emaús (cf. Lc 24,28), ele “simulou que ia mais adiante”, despertando nos discípulos o desejo de sua permanência com eles, concretizando assim dois desejos: o de ser acolhido, no início, por parte de Jesus, e o de acolher, depois, por parte dos discípulos. Além disso, em sua vida pública e missionária, Jesus sempre se dirigia a Betânia (cf. Lc 10,38-42; Jo 11,1ss.; 12,1ss.), aldeia próxima de Jerusalém, onde, ao que tudo indica, gostava de repousar.

6 - Finalmente, para ilustrar melhor o tema da acolhida, digamos sobretudo que toda a vida de Jesus foi uma constante acolhida, e de coração, uma afeição amorosa, principalmente com relação aos mais pobres, infelizes, excluídos e sofredores. A acolhida deve então ser o primeiro passo para uma desejável participação de todos na Liturgia e na vida da Igreja.

João de Araújo

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