1 - Como sabemos, os dois ciclos do Ano Litúrgico são constituídos de três momentos: preparação, celebração solene e seu prolongamento festivo. Assim, o Ciclo da Páscoa é constituído pela Quaresma (preparação); Tríduo Pascal da Morte e Ressurreição do Senhor (realização festiva) e Tempo Pascal (prolongamento festivo). Já no Ciclo do Natal temos: Advento (preparação); Natal do Senhor (solenidade festiva); e Tempo do Natal (como prolongamento da solenidade natalina). Podemos dizer que a Liturgia segue no Ano Litúrgico a mesma dinâmica da história da salvação, esta também com três momentos: o da preparação (Antigo Testamento), o da concretização histórica em Jesus de Nazaré, e seu prolongamento na Igreja, até o fim dos tempos.
2 - O Tempo do Natal é então o prolongamento da festa natalina, constituído de dois momentos: o imediato, de Natal a primeiro de janeiro, chamado de Oitava do Natal, e o seguinte, de dois de janeiro até à Festa do Batismo do Senhor, que é festa móvel, quando então se encerra o ciclo natalino.
3 - No Tempo do Natal, festas e solenidades também são celebradas. Já na Oitava vamos ter quatro festas e uma solenidade. As festas são: dia 26, Santo Estevão; dia 27, São João Evangelista; e dia 28, Santos Inocentes. A quarta festa é a da Sagrada Família, que se celebra no domingo que cai entre os dias 26 e 31 de dezembro. Não havendo domingo nesses dias, a festa é celebrada no dia 30 de dezembro. Havendo, porém, domingo nos dias 26, 27 ou 28, então a festa aí prevista, como acima, é omitida, cedendo lugar à Festa da Sagrada Família. Encerrando-se a Oitava do Natal, em primeiro de janeiro é celebrada a Solenidade da Santa Mãe de Deus.
4 - No segundo momento do Tempo do Natal, vamos ter a Solenidade da Epifania e a Festa do Batismo do Senhor. A Epifania, no Brasil, é celebrada no domingo que cai entre os dias 2 a 8 de janeiro. Portanto, tornou-se festa móvel que, por sua vez, tornou também móvel a Festa do Batismo do Senhor. Expliquemos: quando a Epifania é celebrada até o dia 6, a Festa do Batismo do Senhor é celebrada no domingo seguinte, começando o Tempo Comum na segunda-feira. Se, porém, for a Epifania celebrada no dia 7 ou 8 de janeiro, então a Festa do Batismo do Senhor é celebrada no dia seguinte, segunda-feira, terminando aí o Tempo do Natal. Nessa hipótese, a primeira semana do Tempo Comum começa na terça-feira.
5 - A palavra Epifania significa manifestação. É, pois, a manifestação de Jesus ao mundo, como salvador universal. Os magos simbolizam o conjunto das nações e dos povos. A Epifania marca, assim, a universalidade da redenção de maneira viva e simbólica, na realização objetiva do projeto de Deus.
6 - Podemos dizer que três celebrações de espírito natalino ainda existem, mas são comemoradas fora do ciclo do Natal. São elas: a festa da Apresentação do Senhor, em 2 de fevereiro, no Tempo Comum portanto; a Solenidade de São José, esposo da Santíssima Virgem, em 19 de março; e a Solenidade da Anunciação do Senhor, em 25 de março. Estas duas últimas podem cair tanto na Quaresma como na Semana Santa. A Solenidade de São José, quando cai em domingo da Quaresma, é antecipada para sábado, dia 18; caindo na Semana Santa, é antecipada para o sábado que precede o Domingo de Ramos. Já a Solenidade da Anunciação do Senhor, caindo em domingo sempre vai ser transferida para a segunda-feira após a Oitava da Páscoa. Como se vê, as solenidades, por causa de seu grau de importância litúrgica, nunca são omitidas. Ou são antecipadas ou são transferidas para o dia que se encontra “vago” na Tabela Litúrgica.
João de Araújo