O santo sacrifício da missa

 

1 - O santo sacrifício da missa é o mesmo sacrifício do Calvário, atualizado pela liturgia de maneira sacramental, com toda a sua eficácia redentora. É então sacrifício enquanto relacionado ao sacrifício único da cruz.

 

2 - Como acontecimento histórico,  o sacrifício da cruz não é, como sabemos, repetível, pois Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados (Ephápax), oferecendo-se a si mesmo (cf. Hb 7,27; 9,28a; 10,12; 1Pd 3,18). Contudo, na véspera de sua paixão, quis o Divino Mestre tornar perene tal sacrifício, de louvor principalmente, ao Deus Altíssimo (cf. Ml 1,11), instituindo-o então como sinal profético para que as gerações futuras pudessem celebrá-lo com a sua mesma força salvífica.

 

3 - Celebrada, pois, em memória de Cristo, (cf. Lc 22,19; 1Cor 11,23-24), a missa não é, porém, simples lembrança psicológica ou memória subjetiva do sacrifício de Cristo, mas memorial em sentido bíblico, que torna presente o mesmo sacrifício do Calvário, em mistério, dada a eficácia sacramental da Eucaristia. No princípio, a missa chamava-se também "Ceia do Senhor" (cf. 1Cor 11,20), e "Fração do Pão" (cf. At 2,42). Por vontade do Senhor, nas espécies do pão e do vinho, transubstanciados, Ele se faz presente, de maneira viva, para ser alimento salutar de seu povo, em feliz caminhada para a casa do Pai. Presença real, como sabemos, mas não física nem espiritual, mas sacramental.

 

4 - Cristo é, ao mesmo tempo, sacerdote, altar, cordeiro (vítima) e Deus. Sacerdote, por quem somos reconciliados; altar, onde somos reconciliados; cordeiro, pelo qual somos reconciliados; e Deus, com quem somos reconciliados. E na verticalidade dessa reconciliação (que Cristo realiza por vontade do Pai), acontece também a reconciliação em dimensão horizontal, isto é, a nossa reconciliação também com os irmãos, com a Igreja, com a natureza e ainda no âmbito pesoal. A cruz nos apresenta a dupla dimensão da reconciliação cristã: vertical e horizontal.

 

5 - Cristo, na missa, ora ao Pai por nós, associando-nos a ele na sua eterna oferenda, obtendo do Pai todos os favores espirituais de que precisamos. Ele se faz presente na pessoa do ministro que preside, na assembléia cristã reunida, na Palavra de Deus que se proclama e nos gestos de pura realidade litúrgica. Sua presença se torna ainda mais viva nas espécies eucarísticas, mistério sublime de nossa fé, como se falou acima.

 

6 - A missa é, ao mesmo tempo, profunda ação de graças (desde o início), sacrifício de louvor, de expiação e de propiciação. É a maior de todas as celebrações litúrgicas, contendo em si mesma o Mistério Pascal de Cristo, com toda a sua força salvífica.

 

7 - A missa é também celebração de fraternidade e, ao mesmo tempo, sua fonte viva, pois, sendo pura ação de graças, leva-nos não somente à comunhão com Deus, mas também, como exigência do próprio Deus, à comunhão com os nossos irmãos. Constrói-se, pois, a fraternidade a partir da celebração eucarística, e a oração do Pai Nosso, antes da comunhão, quer nos despertar para esse compromisso da Eucaristia.

 

8 - Como ensina a Igreja, a liturgia tem uma profunda dimensão evangelizadora e catequética, e essa dimensão vai estar mais visível e mais plena na celebração da Eucaristia, pois pela Eucaristia a Igreja se constrói e, operante na graça do Senhor e pela força viva do Espírito de Deus, sente-se também impulsionada a estender a sua realidade crística ao mundo inteiro.

 

9 - Sendo expressão viva do Mistério Pascal, a missa deve trazer, em seus ritos litúrgicos, a simplicidade do mistério, em sua força transformadora e salvífica. Assim, na liturgia, mas na missa principalmente, cada rito deve alcançar uma função litúrgica própria, como também uma função ministerial, ou seja, deve encontrar a sua identificação (o que é), e sua ministerialidade (para que serve) no campo da liturgia.

 

10 - Pelo sacrifício da missa, por antecipação, antegozando, participamos já do Banquete Celeste, na prelibação, isto é, no antegozo das alegrias pascais, definitivas e eternas. Daí então a sua dimensão escatológica, como aclamamos nas Orações Eucarísticas.

João de Araújo

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