1 - Por Tempo Comum devemos entender aquele longo período que se encontra entre os ciclos do Natal e da Páscoa. Na prática são 33 ou 34 semanas. Começa esse tempo litúrgico na segunda-feira após a Festa do Batismo do Senhor, ou na terça-feira, quando a Epifania é celebrada no dia 7 ou 8 de janeiro, hipótese em que o Batismo do Senhor é celebrado então na segunda-feira. Na terça-feira de Carnaval, o Tempo Comum se interrompe, reiniciando-se na segunda-feira depois do Domingo de Pentecostes e prolongando-se até a tarde do sábado que precede o primeiro Domingo do Advento.
2 - No Tempo Comum não se celebra um aspecto especial de nossa fé, como é o caso do Natal (Encarnação), e Páscoa (Redenção), tempos que, como se vê, têm características próprias, mas celebra-se o próprio mistério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos (cf. NUALC N.43). Uma temática pode, porém, nele aparecer, quando nele se celebram algumas Solenidades, como "Santíssima Trindade", "Corpus Christi" etc., chamadas na liturgia de "Solenidades do Senhor no Tempo Comum".
3 - Como podemos notar, não existe na liturgia o 1º Domingo do Tempo Comum, porque, em seu lugar, a Igreja celebra, nas hipóteses já referidas, a Festa do Batismo do Senhor. Diz-se então, iniciando esse período, "Primeira semana do Tempo Comum", que começa na segunda-feira ou na terça-feira, encerrado o ciclo natalino, como já vimos. A partir do segundo domingo é que começa, oficialmente, a enumeração dos domingos do Tempo Comum, como conhecemos.
4 - Dadas como foram as Festas e Solenidades dos dois ciclos litúrgicos, aqui são dadas também aquelas do Tempo Comum, com atenção para as da nota neste texto. Vejamos então:
SOLENIDADES DO SENHOR NO TEMPO COMUM
5 - São quatro as celebrações assim denominadas. São também móveis, isto é, sua data de celebração depende da Páscoa. Ei-las:
a) - Santíssima Trindade
Celebra-se no domingo seguinte ao de Pentecostes.
b) - Sagrado Corpo e Sangue do Senhor (Corpus Christi)
Celebra-se na quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trindade.
c) - Sagrado Coração de Jesus
Sua celebração se dá na segunda sexta-feira após "Corpus Christi".
d) - Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo
É celebrada no último domingo do Tempo Comum, ocupando, pois, o lugar do 34º domingo.
6 - Também no Tempo Comum são celebradas algumas Festas do Senhor. Estas, quando caem no domingo, ocupam o seu lugar e se tornam, liturgicamente, Solenidades. São elas:
a) - Apresentação do Senhor
Celebra-se no dia 2 de fevereiro
b) - Transfiguração do Senhor
Sua celebração é em 6 de agosto
c) - Exaltação da Santa Cruz
Celebra-se em 14 de setembro
d) - Dedicação da Basílica do Latrão - (Catedral de Roma)
Sua celebração é no dia 9 de novembro. Embora não seja propriamente uma “Festa do Senhor”, é colocada no seu nível, dada a sua importância para a Igreja. Portanto, quando cai em domingo, é nele celebrada.
7 - Além das "Festas do Senhor" acima referidas, outras Festas e Solenidades são celebradas no Tempo Comum, pertencentes então ao Santoral. Tratando-se de Solenidades, quando caem no domingo, são nele celebradas. Sendo Festas, caindo no domingo, são, porém, omitidas. Ei-las:
SOLENIDADES:
a) - Natividade de São João Batista - em 24 de junho.
b) - São Pedro e São Paulo - no domingo entre 28 de junho e 4 de julho.
c) - Assunção de Nossa Senhora - no domingo em entre 14 e 20 de agosto, e em 15 de agosto nos casos de padroeira.
d) - Nossa Senhora Aparecida - em 12 de outubro.
e) - Todos os Santos – em 1º de novembro, quando sábado, ou no domingo que cai entre os dias 3 a 7 de novembro.
COMEMORAÇÃO:
8 - Finados - em 2 de novembro
“A celebração de todos os fiéis defuntos, por não ter caráter de solenidade, festa ou memória propriamente ditas, é chamada pela Igreja de Comemoração. Trata-se de uma Comemoração muito especial, celebrada então mesmo quando ocorre em domingo” (cf. Guia Litúrgico-Pastoral).
Festas do Santoral celebradas no Tempo Comum, observando-se a nota abaixo:
1 - Conversão de São Paulo, Apóstolo - em 25 de janeiro
2 - Cátedra de São Pedro - em 22 de fevereiro
3 - São Marcos, Evangelista - em 25 de abril
4 - São Filipe e São Tiago - em 3 de maio
5 - São Matias, Apóstolo - em 14 de maio
6 - Visitação de Nossa Senhora - em 31 de maio
7 - São Tomé, Apóstolo - em 3 de julho
8 - Nossa Senhora do Carmo – 16 de julho
9 - São Tiago Maior, Apóstolo - em 25 de julho
10 - São Lourenço, Diácono e mártir - em 10 de agosto
11 - Santa Rosa de Lima - em 23 de agosto
12 - São Bartolomeu, Apóstolo - em 24 de agosto
13 - Natividade de Nossa Senhora - em 8 de setembro
14 - São Mateus, Apóstolo e Evangelista - em 21 de setembro
15 - São Miguel, São Gabriel e São Rafael, Arcanjos - em 29 de setembro
16 - São Lucas, Evangelista - em 18 de outubro
17 - São Simão e São Judas Tadeu, Apóstolos - em 28 de outubro
Nota: As Festas do Santoral celebradas no período de fevereiro a maio ora se situam no Tempo Comum, ora na Quaresma, ora no Tempo Pascal. Dada, pois, a mobilidade da Páscoa, no Ciclo Pascal não foram elas nomeadas. Acima foram colocadas apenas para a sua nomeação e localização em anos mutáveis.
9 - Neste trabalho não houve referência às Memórias (obrigatórias ou facultativas), que a Igreja celebra também durante todo o Ano Litúrgico. As Memórias são omitidas quando caem no domingo e nos tempos privilegiados, podendo contudo, nestes, ser celebradas como facultativas, nas normas litúrgicas. Para as Solenidades, Festas e Memórias dos santos, temos leituras próprias, indicadas no Lecionário Santoral.
O SANTORAL
9 - É útil saber que em todo o Ano Litúrgico a Igreja celebra as Solenidades, Festas e Memórias dos santos, como momentos também importantes na Liturgia. É o que se chama Santoral, no calendário litúrgico, com Lecionário próprio. As Solenidades são sempre celebradas no dia próprio, podendo, porém, ser antecipadas ou transferidas, em casos especiais; as Festas são próprias do dia natural, por isso não tem I Vésperas e são omitidas quando caem em domingo. Trata-se aqui de Festas dos santos, entendamos. Já as Memórias não são celebradas nos chamados tempos privilegiados (segunda parte do Advento, Oitava do Natal, Quaresma, Semana Santa e Oitava da Páscoa), a não ser como Memórias facultativas e dentro das normas para a missa e Liturgia das Horas. Caindo em domingo, também são omitidas. Na parte própria que trata da precedência dos dias litúrgicos será explicado melhor o que aqui se expõe.
10 - Vemos então que, se no Natal e na Páscoa, Deus apresenta à Igreja o seu projeto de amor em Cristo Jesus , para a salvação de toda a humanidade, no Santoral a Igreja apresenta a Deus os copiosos frutos da redenção, colhidos na plantação de esperança do próprio Filho de Deus. São os filhos da Igreja que seguiram fielmente o Cristo Senhor na estrada salvífica do Evangelho. Em outras palavras, o Santoral é a resposta solene da Igreja ao convite de Deus para a vida de santidade.
João de Araújo