Tríduo Pascal - Pequena introdução

Na vida litúrgica da Igreja celebramos a páscoa de Cristo não só a cada oitavo dia, no domingo, como páscoa semanal, mas sobretudo na Semana Santa, como páscoa anual, e com mais ênfase litúrgica e teológica no chamado Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

A celebração do Tríduo Pascal é o centro não só do ciclo da páscoa como tal, mas também de toda a liturgia e da vida da Igreja. Na liturgia ocupa o primeiro lugar em ordem de grandeza, não havendo, pois, nenhuma outra celebração que se possa colocar em seu nível. É portanto o cume da liturgia e de todo o acontecimento da redenção. Por isso, deveria estar mais presente, como tema, em toda catequese e ser objeto de formação e de interiorização nos encontros eclesiais, principalmente nas equipes de liturgia.

Começa o Tríduo Pascal na Quinta-Feira Santa, na missa vespertina, chamada "Ceia do Senhor", véspera da paixão e morte do Senhor, tem seu centro na Vigília Pascal do Sábado Santo e encerra-se com a missa vespertina do Domingo da Páscoa.

O Tríduo Pascal não é - saibamos - um tríduo que nos prepara para o Domingo da Páscoa, mas um tríduo celebrativo do Mistério Pascal de Cristo, que culmina no domingo, "Dia do Senhor". Trata-se, pois, de uma única celebração, em três momentos, em dias distintos, o que ainda não é devidamente compreendido por muitos. Santo Agostinho o chama de Sacratíssimo Tríduo do Senhor Sepultado e Ressuscitado.

Identifica-se a ação contínua da liturgia no Tríduo Pascal com a verdade histórica dos últimos momentos de vida do Redentor, ou seja, o fato histórico é seguido de maneira cronológica na liturgia. Entregue, pois, na noite da Quinta-Feira Santa, o Divino Mestre ficou entregue a seus inimigos, sem oferecer resistência, sem clamar por legiões angélicas (cf. Mt 26,53) e totalmente disponível para o grande sacrifício da redenção. Verdade é que Cristo caminhou livremente para Jerusalém, depois da Ceia de Betânia (cf. Jo 12,12), sabendo que já se aproximava a hora de dar glória ao Pai e de ser pelo Pai glorificado (cf. Jo 12,23).

Na qualificação litúrgica, podemos dizer que, assim como o domingo derrama para os dias da semana a vitalidade da páscoa do Senhor, o Tríduo Pascal derrama para todo o Ano Litúrgico a  eficácia do evento redentor de Cristo. Por aqui podemos entender que a liturgia gravita em torno do Mistério Pascal de Cristo, na sua expressão mais viva: a Eucaristia.

Aplica-se sobretudo ao Domingo da Páscoa tudo o que se diz sobre o domingo, como fundamento do Ano Litúrgico. E mais: o Domingo da Páscoa deve ser visto, celebrado e vivido como o "domingo dos domingos", dia, pois, sagrado por excelência. Se todos os domingos do ano já têm primazia fundamental sobre todos os outros dias, o Domingo da Páscoa destaca-se ainda mais pela sua notoriedade cristã, dada a sua relação teológica com o Senhor Ressuscitado (Kyrios).

Segundo Santo Hipólito, "...Cristo brilha sobre todos os seres mais do que o sol! É por isso que, para nós que cremos nele, se instaura um dia de luz, longo, eterno, que não se apaga: a páscoa mística”.

Uma anotação para o Tríduo Pascal: Os fiéis só devem comungar dentro das celebrações litúrgicas. Aos doentes, incapazes de participar das celebrações, a comunhão pode ser dada na Quinta-Feira Santa como na Sexta-Feira da Paixão, de manhã ou de tarde. No Sábado Santo, porém, não pode ser administrada, salvo aos gravemente enfermos, hipótese em que a comunhão lhes pode ser dada como o Santo Viático, a qualquer hora do dia ou da noite. 

João de Araújo

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